UM DIA DE SÁBADO EM ARACATI

Textos da Autoria de José Rosa Abreu Vale Data quarta-feira, 23 de março de 2011 0 comentários

20.02.2011. Dia movimentado no campus da Faculdade do Vale do Jaguaribe (FVJ) em Aracati. Continuam ativos os procedimentos diários do ano acadêmico: ajustes na lotação de professores, regularização da matrícula de alunos retardatários, construção de novas salas, além da inevitável pergunta no ar: haverá ou não carnaval na cidade dos bons ventos?

A pergunta procede, seja em virtude de medidas judiciais suscitadas pela crise da saúde pública no município, seja por causa da incerteza provocada pelo ritmo lento das obras na ponte sobre o Rio Jaguaribe.

A população, embora perplexa, não parece desanimar em sua tríplice expectativa de que se encontre remédio para a saúde, se acelerem as obras da ponte e aconteça a festa. Tudo está logicamente interligado.

Esse clima não entibia a disposição da faculdade de dar prosseguimento ao seu calendário. Apesar de ser sábado, encontram-se em curso dois eventos de impacto. Por um lado, estão reunidos os mantenedores com  os quadros dirigentes da instituição avaliando o ano de 2010 e ultimando o planejamento de 2011. Três pontos em pauta: organograma atualizado da graduação, inovações no modelo de gestão e aprimoramento da qualidade em pós-graduação.

Por outro lado, cinco bancas examinam os trabalhos de curso  de duas turmas de pós-graduação: 21 alunos apresentam seus trabalhos de conclusão da “especialização em ensino da matemática” às bancas examinadoras formadas pelos professores Álvaro Nunes, Lídia Lourinho, Everton do Nascimento (1ª banca); Antonio Suerliton, Auridete Fonteles, Maria Luiza Bento (2ª banca). Já 27  outros alunos discorrem sobre museologia tendo como examinadores os professores Roberto Xavier, Edson da Costa, Márcio Porto (1ª turma); Kleiton Santiago, Mário Henrique Benevides e Gerciane Oliveira (2ª banca); Mário Viana, Rafael da Silva e Patrícia Xavier (3ª turma).

O grupo “especialização em matemática” fixou a atenção em métodos e técnicas  que ajudem a tornar  mais eficaz o processo de ensino-aprendizagem da matemática. Os trabalhos apresentados foram avaliados pelos examinadores à luz dos critérios: objetividade e aplicabilidade dos textos; domínio do conteúdo e clareza de exposição por parte do aluno; referencial teórico e relação parcialidade- imparcialidade da pesquisa.

Os candidatos fizeram observações sobre o dia a dia escolar elevadas ao nível da reflexão científica e pedagógica. Foi possível perceber que os autores estão imbuídos da consciência de que é necessário ensinar matemática de modo inovador que ajude os alunos a vinculares, em dimensão interdisciplinar, raciocínio e motivação a outros conteúdos inscritos no projeto político-pedagógico das escolas. Cabe ao especialista em ensino da matemática a tarefa de lidar com essa articulação.


A turma de museologia penetrou a realidade histórico-cultural da região, destacando temas peculiares dos municípios: casas de memória, monumentos, tradições, casarões de Aracati, vestígios muitos de objetos que falam porque estão revestidos de história. Só para citar alguns poucos temas: “Museu do Sertão na cidade de Mossoró: entre representações e práticas culturais”, “Ponte Juscelino Kubistchek em Aracati: relevância histórica  e patrimonial”, “ O processo abolicionista gestado por Dragão do Mar: revisitando um patrimônio histórico imaterial”, “A comunidade do Caetano e a prática dos ecos-museus: história e memória na construção de identidades” “ O potencial educativo dos objetos do memorial de Beberibe”, “Um museu a céu aberto: museologia e o pensamento urbano de Aracati”. E outros e outros temas igualmente impactantes.

Esses trabalhos expressam uma dupla integração da Vale do Jaguaribe ao contexto educativo e sócio-político em que está inserida. A especialização de professores de matemática junta-se ao trabalho de especializar professores em línguas, particularmente Português, ficando assim evidenciada a sua contribuição para  formar jovens em expressão oral, escrita e cálculo, competências estas indispensáveis ao bom desempenho das escolas da região. Por outro lado, a faculdade incute nos professores a capacidade de ensinar os alunos a dialogarem com a riqueza material e imaterial dos objetos, das tradições, da historicidade da região onde vivem. O que os leva  a assimilarem, com desenvoltura, outras dimensões da realidade: no estado, no país e no mundo.

0 comentários UM DIA DE SÁBADO EM ARACATI

Postar um comentário